Engordei 10 kg... comendo!

Imagem: Pinterest


Eu preciso que você leia esse texto da forma mais afetuosa possível. A questão da autoestima é um assunto delicado para mim e acredito que pra você também. Fiquei por algum tempo me questionando se eu deveria escrever sobre algo tão íntimo. Mas lembrei que o meu princípio da escrita é alcançar pessoas e talvez ajuda-las de alguma forma. Então quero compartilhar com você o que aconteceu comigo, muitas vezes em silêncio.

Há dois anos eu terminei a faculdade. O difícil mercado de trabalho não foi uma novidade pra mim, eu já esperava por isso. O que eu não esperava era que isso fosse mexer tanto comigo. Por dois anos eu fiquei em casa, procurando oportunidades e na maioria desses dias eu chorava. Não é exagero meu não, muito menos estou me vitimando, eu realmente vivi dias péssimos me questionando porque aquilo estava acontecendo comigo.

Eu não entendia o que eu era. Eu não era uma profissional, mas também não era mais uma estudante. Não tinha dinheiro pra nada. Dependia totalmente do árduo trabalho da minha mãe, enquanto eu estava totalmente saudável, mas estagnada em casa. Achei uma saída rápida e feliz: comer! Sim! Comer me dava muito prazer, me fazia muito feliz e era uma fácil válvula de escape pra minha melancolia eterna.

Por dois anos eu comi sem me poupar de nada. Sanduíches várias vezes na semana com muito refrigerante, macarrão bem recheado, doces a qualquer hora do dia, entre tantas outras coisas. O pouco dinheiro que eu tinha era “investido” na comida. Minha mãe tentou me avisar de várias formas que eu estava engordando. Mas eu seguia ignorando ela e o espelho. Eu acredito que eu via uma imagem distorcida de mim, pois, eu não conseguia perceber a mudança no meu corpo. Estou falando não só esteticamente, mas também fisiologicamente.

Um belo dia, eu quis colocar uma calça jeans que há algum tempo não usava e ela não subiu nas minhas pernas. Eu fiquei em choque. Joguei algumas roupas em cima da cama e tentei vestir e elas não serviam mais. Ao sentar, não conseguia fechar o zíper da minha calça preferida. Olhei no espelho e não me reconheci. Eu não sei explicar como isso aconteceu nesse dia, já que eu não aceitava e acreditava de maneira nenhuma que eu estava muito acima do meu peso. Foi então que eu me pesei e vi que eu estava 10 kg mais “gordinha, cheinha, fofinha”; qualquer um desses termos "inha" que te deixe mais confortável.

Eu nunca tinha tido problema com meu peso, fui educada a comer sem restrições. Na minha criação, não se falava que açúcar, glúten e lactose fazem mal à saúde. Esses termos eram totalmente desconhecidos e fora do nosso contexto social.

Todo esse processo me assustou muito. Quando eu ia sair com meu namorado, eu não achava mais roupa que me cabia. E então eu chorava. Eu não conseguia sair do lugar confortável que eu estava por isso eu chorava. Minha tristeza não era só pelo meu novo corpo (que eu não gostava), mas por não conseguir tomar uma atitude para ser mais feliz. Eu não estava me amando, me “namorando” no espelho, muito pelo contrário, eu gostava muito menos de mim porque eu estava decepcionada comigo.

Eu, sinceramente não acho pessoas acima do peso feias. Não é isso. Eu só acho que cada um tem que ser feliz do jeito que achar melhor, e aquilo que eu via sobre mim não me deixava feliz e ponto. Eu recebia sim muitas críticas, muita falta de delicadeza das pessoas que não tem a mínima empatia pelo o que o outro está passando. Eu defendo aquela teoria que você só deve criticar no outro aquilo que pode ser resolvido em 5 minutos. Caso contrário, fica com a sua opinião só pra você que é melhor.

Depois que eu tive essa percepção, ficou cada vez pior. Eu me dei por vencida e comia ainda mais. Gente, isso é muito sério. Eu fico pensando quantas pessoas sofrem esse tipo de distúrbio alimentar e sofre calado. Às vezes a tristeza e a angústia não refletem só na comida, mas em muitas outras formas de compulsão. Esse é o meu principal recado, mostrar que as pessoas não estão desleixadas, muitas vezes estão passando por um processo difícil e nós temos que prestar atenção nisso. Muitas pessoas não vão conseguir superar sem ajuda. E se você não está bem com você, nada vai bem. Você não vai ser feliz no seu trabalho, com a sua família, amigos e companheiro (a). A boa notícia é que tem uma saída.

E eu vou te contar no próximo texto...

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1 comentários:

  1. OI Gaby, parabéns pelos textos. E vem logo escrever comigo. Att: Duarte.

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