O dia que eu não quis escrever


Achei que esse dia não nasceria. O dia em que eu não quisesse falar sobre alguma coisa. O dia em que eu não fosse me sentir disposta a colocar em evidência o que se passa dentro de mim. O dia em que eu resolvi me calar. A vida é um caos. Quando você conhece alguém, você não imagina o que se passa com aquela pessoa. Quais seus lemas, seus dramas e confusões. Fica fácil julgá-la. Fica simples cobrar e exigir que ela se levante. Mas não é assim. Da mesma forma que eu me sinto confortável e aliviada em expor os meus sentimentos, as vezes, isso pesa. Existem dias que a tempestade tá tão grande, que fica difícil acreditar que depois dela o sol ou o arco íris existe. Te digo uma coisa: Se a tempestade está passando, deixa ela passar. Deixa as coisas desarrumadas. Isso faz parte do processo. A dor ou a tristeza são necessárias e eu parei de me questionar o porquê disso. É mais fácil só viver. Acho engraçado quando alguém diz assim: “Não crie expectativas”. Qual a graça de viver a vida sem esperar nada dela? Principalmente quando tudo está tão difícil e você começa a clamar por algum milagre pra que as coisas melhorem. Acho que as expectativas são motores. Elas impulsionam a nós acreditarmos que lá na frente tem uma boa surpresa. Eu preciso disso. Eu preciso de um tempo pra ficar perto de mim mesma. Pra começar a entender o vulcão que existe dentro de mim. Eu preciso me afastar de coisas, de pessoas e de momentos pra poder me encontrar. São características de pessoas intensas demais. Tão intensas ao ponto de se confundir com os próprios sentimentos. Pensar que liberdade é solidão, que carência é amor e que rede social é companhia. Tem dias que eu me canso. Como eu já sei que nada que eu disser, vai resolver, então eu me calo. Só existe uma coisa que me resta fazer: falar com Deus. Eu converso com Deus como se eu estivesse falando pessoalmente com alguém. E Ele me entende. Você não vai perceber nada disso simplesmente olhando pra mim. Eu tenho uma dose um pouco exagerada de orgulho e bom senso.  Acho que as pessoas já tem problemas demais pra eu perturbá-las com os meus. Se elas soubessem a quantidade de coisas que passam em minha mente enquanto elas estão confusas sobre qual o próximo evento do final de semana... elas também se calariam. Eu viajo com meus pensamentos pra tão longe, que fica difícil voltar. Ninguém sabe de tudo sobre mim. Já perdi amizades por isso. Por elas acharem que eu não era confiável em não contar tudo sobre minha vida. Não está escrito em nenhum lugar que eu preciso depositar em alguém o que eu só quero pra mim. Minha mãe sempre me disse que o mundo lá fora jamais iria confortar meu coração e é verdade. Acho mais provável encontrar críticas, palpites e conselhos falidos. Depois que eu me afasto, eu vejo o quanto é bom eu estar na minha própria companhia, vivendo minhas coisas ao invés de viver as coisas dos outros. Simplesmente não me importa o que está acontecendo no mundo lá fora. Alguns podem dizer que isso se chama egoísmo. Eu chamo de amor próprio. Eu sou sensível. Então, absorvo rapidamente as coisas e isso me causa uma fadiga social vez em quando. Eu sei que com meus textos, eu consigo ajudar alguém de alguma forma. Eu preciso estar bem pra isso. O Blog é real e as pessoas também. As palavras tem uma força muito grande pra simplesmente serem jogadas aqui sem algum sentido. Eu não faço isso em vão. E enfim, eu renasço, muito melhor que antes e com uma força que nem eu mesma acredito ter. Só assim, eu consigo de fato, viver.


Você tem o poder de se renovar.

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