Fotografia



Sou completamente apaixonada por fotos. Gosto de fotografar e ser fotografada. Pra mim, fotos são registros eternos. É uma maneira de guardar os momentos mais lindos e importantes da vida. Se você rever fotografias antigas, vai perceber o quanto as coisas mudaram. Vai se deparar com pessoas que você nunca mais teve notícias, lugares que nunca mais esteve. Porém, a foto está ali, pra provar que você viveu aquele momento. Por meio de fotos, você se recorda gostos, perfumes e muitos sentimentos vem á tona.

A fotografia pra mim aconteceu muito cedo. Minha primeira câmera, eu ganhei da minha mãe. É uma Kodak digital, que hoje enfeita o meu quarto. Sempre registrei tudo. Cada lugar que eu tive a sorte de conhecer, amigos que eu tive o prazer de conviver e minha família que eu tenho o privilégio de ter.

Após muito tempo registrando, comecei a ser registrada. Quando eu fazia ensino médio em Brasília, eu estava com uma amiga na hora do intervalo, fazendo uns exercícios, quando uma mulher nos abordou. Ela estava fazendo uma seleção de garotas nas escolas pra uma promoção de um programa de televisão. Eu e minha amiga concordamos em nos inscrever, sem compromisso. Fomos selecionadas pra próxima etapa. Como eu era muito nova e morava longe dos meus pais, minha mãe não quis que eu fizesse isso sozinha. Realmente achei perigoso. Não compareci na segunda etapa. Minha amiga também desistiu.

Após algum tempo, as agências de Brasília, fizeram uma repescagem das meninas não selecionadas pro programa. E uma agência me convidou pra uma entrevista. Pedi pra um amigo que tinha carro pra me levar e fui escondida da minha mãe. Chegando lá, me decepcionei. Eles fizeram milhões de exigências. Queriam mudar meu cabelo, pele e roupas. Queriam que eu pagasse um valor absurdo pelo meu portfólio e eu teria que perder tanto peso, que talvez não ficasse mais em pé. Obviamente eu desisti. Ser modelo nunca foi um sonho. Até porque eu nunca me considerei bonita o suficiente pra representar marcas, estampar capas e afins. Era um sacrifício desnecessário.

Passou um bom tempo, eu morei em uma cidade vizinha à minha pra estudar. Fiz cursinho pré vestibular durante um ano. Em um dos colégios que estudei, conheci um rapaz muito simpático que foi muito receptivo. Conversávamos muito e sentávamos sempre juntos nas aulas. Um dia ele disse que eu deveria conhecer a irmã dele, que estudava na turma ao lado da nossa. Disse que tinha certeza que eu iria gostar muito dela e ela de mim. E um dia eu a conheci. Nunca tinha visto nenhuma pessoa como ela. Ele tinha razão, fomos amigas desde o primeiro momento. Ela é exótica até no nome! Uma das mulheres mais bonitas que eu conheci e tenho o prazer de tê-la como amiga. Ela fazia parte de uma agência de modelos nessa cidade. Entrou em contato com o amigo dela, enviou fotos minhas e então entrei pra essa mesma agência.

Ao contrário que muitos pensam, eles não te chamam pra ser modelo fotográfica e fazer só desfiles glamourosos. Lembro que em um domingo de dia das mães, fiquei na porta de um local, entregando rosas pra todas as mulheres que entravam. O cachê era de cinquenta reais pra trabalhar de manhã até o final da tarde. Eu não sabia nem pegar o ônibus de volta pra casa. E até hoje não recebi da agência o meu dia de trabalho.

Pra não dizer que foram só decepções, eu participei de um desfile muito chique nessa cidade em um evento de noivas. Minha mãe ficou tão emocionada, que não conseguiu tirar nenhuma foto boa, do tanto que tremia.

A parte cativante da história da fotografia na minha vida, foi quando um amigo que trabalhava no jornal mais importante da cidade, me convidou pra ser modelo do caderno de moda. Fiz fotos em lojas caríssimas e conheci modelos internacionais. Minha vó guarda o jornal até hoje e mostra pra todas as pessoas que visitam ela.

Essas fotos mostram o quanto eu era despreparada. Peguei umas roupas emprestadas dessa amiga que me ajudou, eu mesma fiz maquiagem com um pó, lápis e blush. Prendi o cabelo com um rabo de cavalo e fui. Não tenho vergonha. Foto é igual cicatriz, contam sua história.

Ao voltar pra minha cidade pra realizar meu verdadeiro sonho de ser advogada, eu dei como perdidas todas as possibilidades de ser fotografada de novo. Mas não foi bem assim. Uma amiga que criou sua própria marca de roupas, me convidou pra ser modelo de sua marca. Tenho fotos lindíssimas desse trabalho.

Logo depois, encontrei um amigo fotógrafo no ônibus voltando pra minha cidade e combinamos de fazer umas fotos. Essas fotos ficaram incríveis. Vi uma Gabriela mais preparada e madura. Vi uma Gabriela, mulher. Não mais aquela menina insegura com seu rosto e seu corpo. Eu estava linda!

Fiquei orgulhosa em ver o quanto eu superei minhas dificuldades e meus conflitos. Posteriormente, tive outra tarde de fotos com uma fotógrafa muito querida, que havia trabalhado com um dos fotógrafos que eu mais admiro. Guardo com muito carinho essas fotografias!

Um dia, após receber uma notícia muito triste. cortei meu cabelo bem curto e doei pro Hospital do Câncer. Pela primeira vez, eu tomei a iniciativa de procurar alguém pra me fotografar. Estava decidida a parar. Mesmo que não fosse algo sério, esse não era meu foco. Queria registrar a minha mudança e encerrar esse ciclo. E assim eu fiz. Na verdade, eu tentei.

A verdade é que a fotografia pulsa meu coração. Não consigo recusar um convite de viver esse momento. Dá muito trabalho. A produção geralmente é por sua conta, você tem que ser paciente e dedicado. Mas é algo que, particularmente me fascina.

Recentemente, fiz fotos lindas. O lugar é maravilhoso! Essas fotos deixam e em evidência essa nova fase da minha vida. Uma etapa decisiva e muito importante. Nessa trajetória, a verdade é que a única coisa que gastei, foi tempo e dedicação.

Nunca cobrei ser "modelo" de ninguém. É algo que faço com prazer e não algo profissional. Eu sei que existem pessoas muito melhores que eu nesse ramo. Mas quando eu estou ali, eu estou dando o meu melhor, é a minha imagem que está em jogo. Então eu dou tudo de mim.

Sempre achei importante valorizar também o trabalho de quem está atrás da câmera. O nome dessa pessoa está junto à sua imagem. É um trabalho de equipe, então tem que ser muito bem preparado. Como resultado, tenho registros lindos. Rever essas fotos é algo que me emociona. O valor delas está no quanto eu me entreguei, no quanto elas contam a minha história. Cada uma, tem um valor especial, até mesmo, as tiradas por mim. Pretendo continuar colecionando não só fotos mas também momentos. 

"O que vai ficar na fotografia, são os laços invisíveis que havia."

(A foto acima, sou eu no mais recente trabalho e está sem qualquer tipo de edição.)

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